25 agosto, 2017

A minha paz.

Vivo tanto de lembranças, que às vezes até me esqueço que é o futuro que ainda está para acontecer. Vivo agrilhoada a memórias de tempos em que fui feliz, em que o tempo não tinha tempo, em que o relógio não dava horas, em que todos os dias eram dias em que cabiam tudo que me lembrasse de fazer. 
Mas neste presente de que vou desfrutando todos os dias o relógio mudou, marca compassos constantes, traz afazeres inadiáveis, rotinas inevitáveis. Passou a ser um relógio com mais mimos e mais abraços, com mais choros também. 
A cama que era só minha passou a ter 4 todas as manhãs.
O despertar que era silencioso, ou ao som de uma musica tranquila, dá-se agora entre gargalhadas, apertos, pedidos constantes.
A paz que ditava os meus dias, são agora dois paz tão deliciosamente diferentes.
E os meus dias ganharam mais cor e as lembranças são agora dos primeiros momentos em que vos tive nos braços e de onde nasceu a certeza que não vos quero largar nunca mais.



23 agosto, 2017

O mesmo destino que te levou de mim deu-me tanto ao mesmo tempo

No dia 10 de Junho, naquele que era o teu, quis trazer-me de presente a princesa dos meus sonhos. Contradições imensas, ver crescer a minha boneca, sem poder partilhar de perto isso contigo. 

Queria passear contigo a minha menina dos lacinhos e dos vestidos cor de rosa, gostava tanto que pudesses abraça-la também e gozar-me, claro, por transportar para os meus pequenos eu as minhas manias. 

Não cabem em palavras as saudades que tenho tuas, 5 anos que pareceram uma vida inteira, onde encontrei o amor da minha vida, em que fui abençoada com dois filhos maravilhosos, mas que não vão poder conhecer um dos meus maiores amigos.

Voltei ao teu porto de abrigo recentemente e foi tão tão tão intenso, tudo no mesmo sitio, ao ponto de parecer que tu próprio estarias no mesmo sofá a fumar o teu cigarro e a jogar playstation enquanto esperavas pela minha visita. Não consegui controlar a emoção ou conter as lágrimas, parecia que estavas lá sem estar. 

A saudade aperta sempre, mas nesse dia foi horrível de tão intensa que se mostrou. Ver a tua mãe, sempre maravilhosamente impecável, com o mesmo sorriso a abrir a porta e com o mesmo abraço quente para nos receber e sentir-lhe ao mesmo tempo o vazio enorme que deixaste. Não se faz. 

                                                                           P.S. - Anseio pelo momento em que te vou cobrar esta ausência estúpida em que nos deixaste.