27 outubro, 2011

À minha avó


porque é, sem duvida, a minha segunda mãe.

Lembro-me que enquanto criança passava natais na aldeia, à lareira, com a neve a espreitar do lado de fora. Das perdizes que ia comer com o avô, que sempre tinha um sumol de laranja para nos receber em casa. Do Roberto Leal que tocava na 4L quando íamos passear. Do Leão que não parava de abanar o rabo quando nos via chegar. Da eira onde fazia a minha casinha de bonecas. Das uvas morangas que roubava depois de trepar ao telhado. Das mesmas uvas que tentava pisar quando achava que conseguia. Do bagaço que a avó fazia. Do pão de centeio quentinho a sair do forno de lenha. Dos Verões na barragem a brincar com os primos. Das vacas a passar nos caminhos, das quais ainda fujo. Da Maria que tinha piolhos, mas com quem eu sempre queria brincar. E de tanto mais.

Depois, veio a vida no Porto. Veio a casa da avó na cidade. Veio a faculdade. Foi-se o avô (com muitas saudades nossas). Veio a avó passar temporadas maiores. Foi ficando. Acabamos a viver juntas. O que já era um amor enorme, foi-se fortalecendo dia-a-dia e ficando cada vez maior. A avó que faz de um tudo que a menina gosta. Que tem sempre um abraço tão quente para me dar. A quem fui buscar as costelas transmontanas, de que tanto me orgulho e que me conferem este ar meio traquinas. De vez em quando, vem a preocupação de uma dor (já que a idade não perdoa) e sou eu que viro a mãe, que ralho e tomo conta. Aprendi a fazer a sopa. Ainda me falta a aletria, como só a avó sabe fazer.

Este ano a saudade já aperta. A avó na aldeia. A neta no Porto. Já sinto a falta de chegar a casa e ter o conforto da palavra amiga e do xi-coração quentinho. Assim, rumamos à aldeia que me serviu de casa, tantas vezes. Ver a barragem. Ver a casa e o tear. Ver a avó e fazer um refugio onde o cheiro a lareira vai predominar seguramente.

O estado será off. Mas estarei mais on do que nunca. Uma vez por ano, pelo menos, que bem que sabe!!!!

*Com Amor da neta que não imagina o que seria a vida sem ti.
**Pensamentos desordenados de uma adulta, que ainda se sente criança quando te tem por perto.

18 outubro, 2011

Fizeram-se arrumações II

Desta vez no quarto. Naquele em que não quero deixar os peluches ir embora. Naquele que me recebe sempre como eu o deixei. No que é tão meu que me viu crescer. No que traz memórias de mil momentos desde que me dou por gente. No que não consigo deitar quase nada fora. Pergunta a minha mãe porque teimo em prender-me ao que me ata ao passado. Não sei responder. Viagens que tive em cada foto que revi. Várias vidas se viveram numa só. Algumas mais haverá para viver. Espero.

*Arrume-se o quarto para esquecer a desarrumação em que vai o País.

06 outubro, 2011

Amigos



'Quero ser teu amigo.
Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu puder.
Mas amar-te, sem medida, e ficar na tua vida da maneira mais discreta que eu souber.
Sem te tirar a liberdade.
Sem nunca te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar quando for hora de calar, e sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente nem presente demais, simplesmente, calmamente, ser-te paz.'


*Fernando Pessoa

03 outubro, 2011

My life


"What's the use in waking
If you're not there to share the dreams and nightmares?"

*I share it all with you...