porque é, sem duvida, a minha segunda mãe.
Lembro-me que enquanto criança passava natais na aldeia, à lareira, com a neve a espreitar do lado de fora. Das perdizes que ia comer com o avô, que sempre tinha um sumol de laranja para nos receber em casa. Do Roberto Leal que tocava na 4L quando íamos passear. Do Leão que não parava de abanar o rabo quando nos via chegar. Da eira onde fazia a minha casinha de bonecas. Das uvas morangas que roubava depois de trepar ao telhado. Das mesmas uvas que tentava pisar quando achava que conseguia. Do bagaço que a avó fazia. Do pão de centeio quentinho a sair do forno de lenha. Dos Verões na barragem a brincar com os primos. Das vacas a passar nos caminhos, das quais ainda fujo. Da Maria que tinha piolhos, mas com quem eu sempre queria brincar. E de tanto mais.
Depois, veio a vida no Porto. Veio a casa da avó na cidade. Veio a faculdade. Foi-se o avô (com muitas saudades nossas). Veio a avó passar temporadas maiores. Foi ficando. Acabamos a viver juntas. O que já era um amor enorme, foi-se fortalecendo dia-a-dia e ficando cada vez maior. A avó que faz de um tudo que a menina gosta. Que tem sempre um abraço tão quente para me dar. A quem fui buscar as costelas transmontanas, de que tanto me orgulho e que me conferem este ar meio traquinas. De vez em quando, vem a preocupação de uma dor (já que a idade não perdoa) e sou eu que viro a mãe, que ralho e tomo conta. Aprendi a fazer a sopa. Ainda me falta a aletria, como só a avó sabe fazer.
Este ano a saudade já aperta. A avó na aldeia. A neta no Porto. Já sinto a falta de chegar a casa e ter o conforto da palavra amiga e do xi-coração quentinho. Assim, rumamos à aldeia que me serviu de casa, tantas vezes. Ver a barragem. Ver a casa e o tear. Ver a avó e fazer um refugio onde o cheiro a lareira vai predominar seguramente.
O estado será off. Mas estarei mais on do que nunca. Uma vez por ano, pelo menos, que bem que sabe!!!!
*Com Amor da neta que não imagina o que seria a vida sem ti.
**Pensamentos desordenados de uma adulta, que ainda se sente criança quando te tem por perto.